Statkraft projeta chegar a 1 GW em 12 meses
Metade desse potencial estará na fonte eólica com o Complexo Ventos de Santa Eugênia, na Bahia, empresa ainda abrirá escritório em São Paulo no primeiro semestre de 2023
3 de fevereiro de 2023 | Maurício Godoi, da Agência Canal Energia, de São Paulo (SP)
O ano de 2023 promete ser um período que marcará Statkraft de forma expressiva. A subsidiária local da empresa norueguesa está implantando o maior parque eólico da companhia fora da Europa, que deverá ficar pronto ao longo de 2023. Além disso, ainda neste semestre deverá ser inaugurado seu terceiro escritório, em São Paulo. A companhia continua ainda avaliando ativos no mercado secundário olhando projetos em desenvolvimento ou em operação. O foco é manter-se entre as fontes eólica, solar e hídrica.
O diretor presidente da Statkraft Brasil, Fernando De Lapuerta, disse em entrevista à Agência CanalEnergia que as expectativas com 2023 são as melhores. Com os projetos em construção a empresa ultrapassará 1 GW em capacidade instalada. A maior parte na fonte eólica, justamente do Complexo Ventos de Santa Eugênia, que terá ao total 519 MW quando pronto. Serão 14 parques com 91 aerogeradores de 5,7 MW de potência instalada no estado da Bahia, um investimento de R$ 2,8 bilhões.
“Esse é o ponto de partida, queremos continuar crescendo no Brasil, temos um pipeline de projetos eólicos e solares e a expectativa desse ano e do próximo é continuar a expansão e ainda estaremos ativos em M&A”, comentou ele. “Além do projeto de Santa Eugênia, que deverá ficar pronto ao longo de 2023, temos Morro do Cruzeiro com 80 MW para o início de 2024”, acrescentou.
Um outro movimento que Lapuerta revelou é a abertura de um novo escritório da empresa no país, na cidade de São Paulo. Até hoje a companhia mantém presença em Florianópolis (SC), sede da companhia no Brasil, e outro no Rio de Janeiro. Segundo o executivo, essa presença vem da necessidade de a empresa estar mais próxima de seus clientes. Um dos pontos que ajudaram na tomada dessa decisão é a perspectiva de ampliação da carteira de clientes potenciais com a abertura do mercado livre para toda a alta tensão a partir de janeiro de 2024.
Apesar de ser o ACL o ambiente que vem direcionando a expansão do mercado, a empresa não desconsidera participar dos leilões regulados. Além disso, lembra que esse ano terá a disputa por margem de escoamento que pode ser interessante para os projetos. E ainda, parcerias com clientes no modelo de sociedade em autoprodução também estão no radar da companhia.
“É sempre positivo qualquer movimento que vise a liberalização do mercado, são ações que apresentam desafios e oportunidade e para nós qualquer movimento é bom”, disse ele, lembrando que a Statkraft no Brasil possui uma comercializadora de energia, além de fornecer serviços diversos aos clientes.
Lapuerta contou que aqui é uma região estratégica para a empresa e é onde a companhia enxerga potencial de crescimento. Entre os motivos está a existência de recursos naturais abundantes que proporcionam uma posição privilegiada em um mundo que busca a descarbonização por meio da transição energética. “O Brasil é o país com cenário ideal para liderar e impulsionar essa mudança”, apontou.
Após Santa Eugênia, Lapuerta faz mistério. Não comenta qual é o tamanho do pipeline de projetos que a empresa possui. Mas diz que possivelmente poderá ser um projeto solar em escala de utility. “Essa fonte é tratada como prioritária e está bem representada em nossos projetos futuros, possivelmente será nosso próximo passo em usina de grande porte”, estimou. Outro formato que a empresa estuda ainda é a hibridização na dupla solar/eólica para que haja mais eficiência em sistemas de transmissão.
E um pouco mais distante, disse o executivo, está a tecnologia eólica offshore. Mas nem por isso deverá ficar afastada do hidrogênio verde. Esse insumo, disse ele, faz parte da estratégia global da Statkraft. Mas, aqui no Brasil, os primeiros passos para fazer parte desse processo é atender a demanda interna que é elevada na indústria e agricultura. O início pode se dar por meio de um projeto no interior da Bahia. “Inicialmente queremos atender o consumo doméstico, seja com o H2 Verde ou seus derivados, há uma grande oportunidade nessas áreas”, relacionou.
Para a geração offshore, apesar da larga experiência da Statkraft na Europa, ele diz que ainda são necessários avanços regulatórios. Ele disse que vê o mercado se movimentando, mas que a empresa não tem projeto nessa área, mas admite que no futuro é possível avançar.